Depuração é coisa assim, ninguém mais decanta.

sexta-feira, 26 de junho de 2009

correios e telegrafos

depuração, você voltou. é sempre na mesma meta que eu me levo, sem medida.
a medida para o acaso sempre foi o tempo, se é que ele tem medida. mas no caso desse acaso a coisa em si já parece meio perdida, meio sem cor. outra vez. e olhe, eu tentei. tentei por diversas vezes ver cor, ver algo além do simples abraço no monitor. e vejo, é claro.
as malditas lembranças, que por vezes me parecem boas, voltam na mesma proporção que o ar entra, que o ar sai.
o barulho do carro de onze anos que teima em não pegar, os bêbados que me perguntam se eu não tenho um cigarro. goiânia é assim, cheia desses sujeitos que te param e fazem mil perguntas.
- é caso de mulher, cara?
começar sem ter medida já é algo mais que normal pra toda essa situação. nunca fez tanto frio.
o recado pedindo pra não sumir, os gritos na sacada, a vibração ao ver o telefone tocar. maldito seja o tempo. e maldita seja a funcionalidade dos correios, que fecham às 17:00.

sábado, 6 de setembro de 2008

belchior e as lentes mordidas

deitado e com um copo de montilla ouro na mão, digitando com o teclado nas pernas. bermuda azul, blusa branca e ouvindo o dvd do sublime. maravilha decadente e esquecida.
depois de duas horas de conversa que gerou uma certa empolgação, você foi comer e ver filme. pra quê? a noite poderia ser perfeita. você poderia pegar seu carro e vir pra cá, nos ver tocando belchior e beber um pouco, pra aliviar a tensão das aulas e do seu trabalho.
quando eu pedi pra você ouvir 'janta', do disco novo do camelo, foi pra que você entendesse a letra e a melodia. ''caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá''. entende?
eu ando em frente por sentir vontade.
''caberá ao nosso amor o que há de vir''.
eu sinto falta dos tempos de carnaval, quando você dizia pra gente se encontrar depois da chuva e mandava mensagens no meu celular. há uma mensagem que eu ainda não apaguei, ela diz: 'tá chovendo...'
lembro do dia, da hora e da cor da armação do seu óculos. lentes mordidas pelo cachorro e tudo mais. seu nariz de batata, minha barba de pescador. meu jeitão de bêbado e todas as coisas que ele gera.
uns goles a mais e o sentimento barato começa a aflorar. não sei se é por falta de opção ou se é por falta de bebida, mas eu sempre penso naqueles dias quando bebo alguma coisa mais forte.
o primeiro dia foi na praça universitária, com cara de sono e matando aula de teologia. logo de teologia, a matéria que o gordaço, com o perdão da palavra, dá aula.
enfim, menina no óculos mordido, se você chegar a ler isso qualquer dia, esqueça que faz letras. perdoe meus erros de português e de conduta. leve em conta que eu estou bebendo desde cedo e que já são 21:14. prepare-se para o dia 26, prometo qualquer tipo de surpresa. se chover, melhor ainda.
'eu, você e todos os encontros casuais'
ouça o disco do camelão, por favor. e, por favor, seja mais fácil. ou então, eu ficarei louco.
desde que pisei em solo goiano após minha passagem pela bahia, só penso em narizes, óculos mordidos e seus amigos gays.
sempre que eu vejo 'single', dá vontade de dizer coisas e aproveitar as coisas. mas, você nunca faz nada. nem diz nada.
diga não e eu seguirei. diga sim e eu te mostrarei que o 'sou - nós' pode se aplicar perfeitamente ao seu cotidiano. e que seu bairro nem precisa ser copacabana.

domingo, 31 de agosto de 2008

cigaretts is all well

claridade, com cinza de fundo e um cheiro de cigarro no ar. a velha vontade de sair andando por aí e tomar um café está mais presente do que nunca. há uma vontade nova, há um sorriso novo na memória. os tempos de loucura se foram, agora eu voltei a ser o mesmo certinho de outros tempos.

- você tem um baseado aí?
- não, eu não fumo.

sendo que eu havia fumado, e muito, durante toda a tarde. mas, sabe como é, eu prefiro negar. prefiro ser só um bêbado de olhos vermelhos. até o moura brasil chegar, é claro.
e assim esse final de semana se foi, com a fumaça; fumei como nunca antes. troncas, fininhos, pontinhas.
sentar na sacada, observar a saída sul da cidade com todas as suas luzes. os carros passando, as pessoas bebendo no bar da minha rua, meu irmão com a luz do quarto ligada; tudo formando um quadro perfeito.
o fato é que meu curso, e minha universidade, nunca pareceram tão interessantes. há um motivo mais forte que faz com que eu me levante e sorria, por conta do café. é um motivo bom, com sorriso largo e jeito doce. mas, que nenhum interesse fique expresso através disso.
a minha lentidão momentânea não reflete meu estado interno. e meu estado interno pede mais um cigarro.

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Scared
desculpas não quero ouvir
defeitos, remelas sociais e suas lamúrias
a mãe que escapou
o pai que perdeu um olho
o irmão que é afeminado

e eu
roubei do pai
enganei a avó
bati no irmão
desculpas pelo salário
pelo emprego não tido
a mãe sumida traiu o pai
à mãe

E é fácil sair por aí me dizendo bom, bebendo para não lembrar do passado e secando o rosto na manga da camisa. Amigo, essas coisas pesam! Meu passado é um grande porão, frio e escuro. Gelado. E eu ainda fico feliz quando encontro alguém que goste de tentar entender essas coisas, sabe? Gosto de sentar na calçada, fumar um cigarro e tentar não esconder nada.
O duro é que, acreditem, eu não faço isso há muito tempo. Desde que meu amigo Luiz voltou a viajar pelo mundo eu nunca mais sentei e conversei sobre essas coisas. Acreditem.

Certas coisas nunca te servem como desculpa, e essas coisas são como pedras pesadas que se carrega pelo resto da vida.
Não me faço de coitado, nem digo que sou insuficiente. Isolo meus sentimentos, tento deixar todos presos entre o colchão e o travesseiro. O sujeito alegre e sorridente é só a casca. E quando eu digo isso não pense que sou um daqueles sujeitos calados, que olham pro chão. Só não sinto, nem procuro sentir, pelo menos em tese. Até aparecer uma pessoa que te despreza mais que você mesmo, sempre haverá o isolamento.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

''nem tudo precisa de uma descrição pequena''

Semana passado fui ao escritório geral da editora Kelps. Fiquei duas horas sentado, esperando um senhor gordo, que usava roupas boas e transpirava bastante. Ele ficou olhando pros meus sapatos, rindo sozinho e girando um anel. Falava sem parar, comentava o projeto que eu havia apresentado e dizia que eu parecia ter quase trinta anos. Minha barba, geralmente, causa isso.
Em suma, fui recusado. O mesmo senhor gordo disse que escrevo bem, mas meu estilo é muito sujo e pouco poético.
Fui ao centro da cidade, procurar algumas gráficas e copiadoras. Decidido, vou publicar esse livro de uma forma ou de outra. O projeto gráfico será feito por amigos, e eu mesmo farei a edição.
Não há mais tempo, preciso de alguma realização.
Voltei para casa, de cabeça baixa. Sem cigarros, sem dinheiro, com dor no joelho esquerdo e com uma música do John Coltrane martelando minha mente. Nesse caminho de, mais ou menos, dois mil metros, eu resolvi voltar a escrever. Resolvi voltar a beber, mesmo que em escala reduzida, resolvi retomar a minha vida. Cortei o cabelo, fiz a barba. Comprei duas camisas novas e alguns maços de cigarro. Comecei a fazer meu próprio café e a não deixar minhas meias tanto tempo de molho.
Acredite, a universidade come seu cérebro. As pessoas te sugam, os professores ignoram sua existência e a imbecilidade reina de um jeito nunca antes visto. Escolhi não ter muitos amigos, e acertei. Fui taxado, mais uma vez. Disseram que eu vou acabar sozinho, que eu sou mesquinho, que não sei dividir nada, que não sei conservar nada. Sinceramente, eu não preciso deles.
Preciso do papai e da sua mulher, que são as melhores pessoas que conheço. Preciso do meu irmão, da minha irmã e das pessoas que jogam futebol comigo. Preciso do Renato e do Rafael, e das noites que passamos tocando violão e tomando Montilla Ouro. Não preciso ser julgado, não preciso de amigos superficiais e de garotas burras.
Quando todos estiverem mortos e enterrados, talvez saibam alguma coisa sobre a vida. Talvez.
Seria idiotice dizer que eu não gostava do antigo modo de vida. Lógico que seria. Gostava bastante de beber coisas baratas e andar por aí, sem muito rumo. Gostava bastante de bancar o idiota, só para não deixar as garotinhas sem graça. Seria idiotice dizer que eu não gostava de ter vários amigos. É idiotice dizer que eles eram amigos.

Quem sou eu

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minha forma de ver o mundo muda, assim como meu jeito de escrever. sem polêmica, ou qualquer coisa do gênero. mantenho esse espaço apenas para ter um lugar no qual eu possa escrever o que quiser. é isso.