segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Scared
desculpas não quero ouvir
defeitos, remelas sociais e suas lamúrias
a mãe que escapou
o pai que perdeu um olho
o irmão que é afeminado

e eu
roubei do pai
enganei a avó
bati no irmão
desculpas pelo salário
pelo emprego não tido
a mãe sumida traiu o pai
à mãe

E é fácil sair por aí me dizendo bom, bebendo para não lembrar do passado e secando o rosto na manga da camisa. Amigo, essas coisas pesam! Meu passado é um grande porão, frio e escuro. Gelado. E eu ainda fico feliz quando encontro alguém que goste de tentar entender essas coisas, sabe? Gosto de sentar na calçada, fumar um cigarro e tentar não esconder nada.
O duro é que, acreditem, eu não faço isso há muito tempo. Desde que meu amigo Luiz voltou a viajar pelo mundo eu nunca mais sentei e conversei sobre essas coisas. Acreditem.

Certas coisas nunca te servem como desculpa, e essas coisas são como pedras pesadas que se carrega pelo resto da vida.
Não me faço de coitado, nem digo que sou insuficiente. Isolo meus sentimentos, tento deixar todos presos entre o colchão e o travesseiro. O sujeito alegre e sorridente é só a casca. E quando eu digo isso não pense que sou um daqueles sujeitos calados, que olham pro chão. Só não sinto, nem procuro sentir, pelo menos em tese. Até aparecer uma pessoa que te despreza mais que você mesmo, sempre haverá o isolamento.

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minha forma de ver o mundo muda, assim como meu jeito de escrever. sem polêmica, ou qualquer coisa do gênero. mantenho esse espaço apenas para ter um lugar no qual eu possa escrever o que quiser. é isso.